Há tempos, ainda no antigo ginásio, os professores de ed.física, demoraram, mas se convenceram de que eu não tinha nada com o esporte, seja que modalidade for. Um dia fui obrigada a entrar no jogo de handebol e fiquei plantada como uma árvore, vendo o jogo acontecer de dentro da quadra. De repente alguém passou por mim, jogou a bola em minhas mãos e disse "corre". Eu corri, e só parei quando vi que mais ninguém corria, pois as pessoas do meu time não sabiam porque eu estava indo em sentido contrário e o time adversário, atônito, esperava que eu completasse a jogada e marcasse um gol contra. Seguiu-se a sentença: eu estava fora do time.
No ano seguinte, um professor que não desiste nunca, me convocou para o time de ginástica. No terceiro dia de treinamento, durante um exercício que envolvia rolamento cruzando com uma colega que saltava sobre mim, levei um pontapé na orelha e acordei no banheiro da escola com professores e colegas ao meu redor. Claro que depois dessa, nem eu queria continuar, nem o professor iria insistir.
Quando estava no curso normal, a professora chega um dia com a notícia que me arrepiou: nossa turma montaria uma equipe para apresentação de ginástica no final do ano. A boa notícia pra mim era que a escola tinha apenas 15 uniformes, portanto, a equipe só teria 15 alunas. Respirei aliviada, no meio de 45 colegas era impossível eu ficar entre as 15 finais. A cada treino esperava ansiosa pela batidinha no ombro que a professora usava para avisar que você deveria sair da quadra. A batidinha não veio, e nos últimos treinos torcia para que não viesse, passei a gostar. Quando me apresentei adorei, gostei de minha conquista, venci meus medos, minha completa falta de coordenação e curti horrores o momento.
Meu momento quase olímpico, foi rápido, mas divino. Imagino então como deve ser para os atletas de verdade. Quanta dedicação, quanto nervosismo, quanta vontade de se superar. Em respeito a todos eles, espero do fundo do coração que tudo de certo nos jogos olímpicos do Rio.
Dinaiá Lopes
05/08/2016
