Há muito tempo eu não escrevo nada. Aos que perguntavam por que não colocava nada novo em meu site, respondia que não tinha tempo. Mas não era verdade, tempo a gente arruma (e eu sei disso melhor do que ninguém). Eu estava é com medo. Medo de que? De passar para um site, que criei para ser o meu louvor à vida e ao otimismo, toda minha frustração ao ver o que está acontecendo no mundo nos últimos tempos.
Mas pera aí! Antes não aconteciam catástrofes? Não ocorriam ataques terroristas? Os gananciosos não destruíam a natureza sem nenhuma preocupação ou demonstração de remorso? Antes não havia o horror? Claro que havia. Então o que estava acontecendo de verdade?
O que houve foi uma avalanche de notícias ruins que me encontrou fragilizada e me atingiu em cheio. Por um desses momentos difíceis da vida, essa avalanche quase que me enterrou para sempre. Atenção: eu disse quase.
Tinha medo de ter perdido o otimismo, a velha capacidade de ver uma saída para todos os problemas, mesmo que a saída fosse esperar o problema passar. Não queria ser mais uma a destilar o veneno do pessimismo que corrói a sociedade de hoje e que aparece como justificativa dos maus para serem piores ainda.
O que me fez parar e pensar? O que me acordou dessa letargia anti-humanitária? Uma carta. Uma simples carta, que de simples não tinha nada. A carta que o francês, que viu a mulher ser assassinada em Paris, escreveu para o terrorista que a matou. Ele mostrou com todas as letras (literalmente) o que Cristo quis dizer ao citar que devemos dar a outra face. Não é ser masoquista e apanhar com resignação, é simplesmente não deixar que o ódio dos outros nos contamine. Aquele homem que conseguiu falar de sua dor de forma tão linda e amorosa me devolveu o otimismo. Percebi que ser otimista não é ser uma hiena que ri sem motivo. Ser otimista é acreditar que o meu amor será mais forte que qualquer ódio Que a minha dor não é maior que a dor do próximo. Que sem o outro eu não sou ninguém. Ser otimista é ser um verdadeiro ser humano.
Dinaiá Lopes
23/11/2015