
Quando Pedro tinha uns 8 anos ganhou seu primeiro patins. Fomos passear na Quinta da Boa Vista e lá foi ele com todo o equipamento. Passeamos por lá e quando já estávamos nos preparando para vir embora, ele olhou uma calçada que era uma rampa enorme, principalmente para o tamanho dele, e me perguntou: "Dá para descer ali de patins?"
Minha vontade foi dizer que não, dizer que era muito perigoso e todas essas coisas que mãe fala. Mas no último momento pensei que quem deveria decidir era ele. Ele sabia andar direitinho, estava com todo o equipamento de segurança e embora eu achasse perigoso, meu lado racional dizia que ele poderia fazê-lo. E para minha surpresa eu disse que ele poderia descer aquela calçada/rampa.
Fui com ele até a parte mais alta, verifiquei se estava tudo certo com o capacete e outros pontos de segurança, disse a ele que esperasse eu chegar lá embaixo para depois descer e caso ele sentisse que iria perder o controle que se jogasse para as laterais, para cair na grama e amortecer a queda.
Desci com o coração na boca. Fiquei pensando como eu me sentiria se ele saísse machucado, mas assim que eu cheguei no ponto final da calçada/rampa, não tive tempo nem de voltar atrás, lá estava meu filhote descendo desembalado e foram os segundos mais longos de minha vida. Mas logo eu o tive comigo, estava gelado, seu rosto parecia não ter uma gota de sangue, os olhos esbugalhados.
Enquanto agradecia a Deus por ter dado tudo certo perguntei se ele tinha gostado e ele balançou a cabeça afirmativamente, perguntei então se queria fazer novamente e ele balançou dizendo que não.
Fomos para casa e ali eu vi que uma de minhas funções é deixar ele voar e ficar por perto caso o voo dê errado.
Ano que vem ele começa novos voos e com toda certeza do mundo, seja de que jeito for, eu sempre estarei por perto para agasalhar seu voo.
Filho, te amo demais
Dinaiá Lopes