Primo Guilhermo

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Passeando pelo youtube encontrei Bill Valley. Assisti a vários vídeos e matei a saudade de meu primo Guilhermo Valle. No final das contas percebi que não era só dele que estava matando saudade, era de um período gostoso de minha adolescência, quando passava as férias na casa de minha vó. Minha saudade buscava a Dinaiá que via um futuro enorme pela frente, que a assustava, mas que a desafiava. Nesta viagem, mesmo sem saber, eu estava matando a saudade de meu pai. De repente entendi uma passagem de minha adolescência que ficou acompanhada com um ponto de interrogação. Há muito tempo, e coloca muito nisso, quando eu passava as férias na casa de minha vó em Petrópolis, Guilhermo pediu para falar comigo. Disse que tinha uma decisão a tomar e queria minha opinião. Estranhei, pois éramos primos que se viam apenas nas férias, minha vivência era muito diferente da dele, eu era mais nova. Fiquei realmente curiosa sobre em que eu poderia opinar. Ele foi direto, estava decidido a deixar os estudos e se dedicar à música. Caramba, logo a minha opinião! Logo eu tão certinha nos estudos! Eu, que não entendia como alguém não podia gostar de estudar! Mas eu tinha assistido, alguns dias antes, Guilhermo tocar com sua banda Black Zé, e quando ele pediu minha opinião, lembrei dele no palco do Quitandinha. Percebi duas coisas importantes para a resposta que ele queria ouvir: o quanto ele estava feliz naquele palco e o quanto ele era bom no que fazia. E me peguei falando a coisa mais contraditória para minha cabeça na época, ou seja, ele deveria optar pela música. Minhas férias não duraram o suficiente para saber como ele passou sua decisão para minha vó Nadir. Na verdade, por uma destas coincidências da vida, foram as últimas férias que passei em Petrópolis. Mas eu soube por uma notícia dada aqui, um parente encontrado ali, que ele tinha seguido seu sonho com a música. Mas ainda ficou uma curiosidade: por que pedir a minha opinião? Hoje o estalo aconteceu e o mistério se desvendou. Não era a minha opinião que ele queria, era de quem realmente a opinião era importante para ele, ele queria a opinião do cara que o apresentou à música, mas que tinha partido cedo demais para lhe ajudar neste momento de decisão. Ele queria a opinião de meu pai. Eu simplesmente tinha me tornado a conexão mais próxima que ele poderia dispor naquele momento. Tenho certeza que a resposta de meu pai não seria outra, pois ele também arriscou muita coisa pelo sonho da música. Os tempos eram outros e o sonho difícil hoje, era quase impossível ontem, mesmo assim ele sonhou. Fico feliz de ter sido, naquele momento, a conexão entre eles. Feliz por Guilhermo ter tomado sua decisão. Fico emocionada ao reencontrá-lo nestas imagens do youtube. Sei que ele e meu pai estão fazendo uma bela dupla lá no andar de cima. Que bom que a tecnologia nos dá condições de tornarem eternas pessoas especiais como Guilhermo. Bom pessoal, com vocês, Bill Valley. https://www.youtube.com/watch?v=J-4zowwStso |
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