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Crise na Saúde
Crise na Saúde

Crise na saúde

Cada vez me surpreendo mais com a política brasileira, ou seria melhor dizer com os políticos? Diante da crise, mais uma vez eles tentam tirar o corpo fora e procuram um culpado bem longe de suas responsabilidades.

Como professora de escola pública, cansei de ver políticos justificando que o nível educacional de nossos alunos é baixo por culpa dos professores. Claro, afinal em nossas escolas públicas há o mesmo número de disciplinas que na dos filhos deles, com material didático de primeira, como na dos filhos deles, infra-estrutura impecável, como na dos filhos deles. Quando um professor fica de licença ou se aposenta, é claro que na escola pública outro substitui de imediato, como na dos filhos deles. Com todas essas excelentes condições de trabalho, só poderíamos culpar os professores pelo baixo desempenho dos alunos da escola pública.

Agora vejo se repetir a manobra na saúde com todo esse debate de trazer ou não médicos do exterior, avaliar novamente os profissionais da saúde, aumentar o tempo de formação, obrigar o estudante de medicina a trabalhar no SUS para "ter contato com a realidade" (e claro dar ao Estado mão de obra barata). Parece que nosso único problema é a falta de profissionais capacitados. Gostaria de ver o governo com o mesmo empenho e determinação para reformar os hospitais, para abastecer os hospitais com materiais que funcionem para os exames que são necessários ao doente, com remédios para salvar a vida dos pacientes. Fico imaginando como seria interessante trazer um bando de médico do exterior e deixá-los perplexos com as condições de trabalho de nossos médicos.

A verdade é que se um paciente com câncer precisa esperar meses para iniciar um tratamento que para bom resultado deveria ser imediato, não é só por falta de médico para atendê-lo, é por falta de condições físicas e estruturais dos hospitais. Vivemos num país em que não há num estado inteiro uma máquina para fazer uma simples mamografia e a pessoa tem que ir ao estado vizinho, enfrentar uma espera de meses para fazer o exame (reportagem do Jornal Nacional) . De que adiantaria ter um monte de médico, brasileiro ou estrangeiro, no posto de atendimento se ele precisa esperar os resultados dos exames que são verdadeiros testes de determinação para o doente.  E não pense que isto acontece em estados distantes como Acre, Rondônia, etc. Moro em uma cidade que faz parte do chamado Grande Rio, uma das maiores regiões metropolitanas do país, e vi um amigo, a cada 15 dias, percorrer 248 quilômetros (ida e volta) para poder fazer sua quimioterapia no setor público.

Espero que um dia tenhamos maturidade suficiente para perceber que esse jogo de caça as bruxas na saúde e educação seja descartado. É triste ver exporem casos isolados de maus profissionais como justificativa de um problema estrutural enorme e que não dá mais para esconder.

                                                                  Dinaiá Lopes