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E o Natal se foi...
E o Natal se foi...

E o Natal se foi...

               Pode parecer estranho escrever sobre o Natal depois da festa, mas não consegui escrever antes. Não foi por compromissos pré-natalinos, foi apenas por não conseguir. Sempre que escrevo alguma coisa é porque um mecanismo interno é acionado por razões externas. É uma notícia que me comove ou me revolta ou me incomoda; uma lembrança que me faz viajar para um passado que guardo com carinho ou apenas a saudade dos comentários que fazia com alunos quando lecionava. Mas nenhum destes mecanismos funcionou no Natal. O mais engraçado é que foi justamente o assunto que algumas pessoas me cobraram para colocar no site. Para esses amigos eu posso jurar: tentei. Por várias vezes iniciei o texto e o apagava rapidamente, ou pior, ficava olhando para a página em branco. Foi quando decidi não escrever.

               E o Natal chegou, a correria, o estresse da compra dos presentes, deixar a casa enfeitada, fazer uma ceia gostosa. No meio disto tudo, de repente veio a pergunta:

               - O que é o Natal?

               Tenho certeza que ao ler está pergunta todos tentam buscar desde suas mais remotas lembranças a melhor definição que puderem organizar em palavras. Pois é isso que o Natal provoca, uma necessidade compulsória de mostrar o quanto ele é importante e o quanto marca nossas vidas.

               Mas por que isto acontece?

               Nova pergunta e novas tentativas de explicações.

               Na verdade não há um Natal, há milhões de Natais, pois cada um o sente de uma maneira única. Eu estou no grupo dos que ainda tentam entender essa magia universal. A magia começa pelo aniversariante que muitas vezes é esquecido por uma sociedade consumista que pensa mais na lista de presente do que na lista de agradecimentos a Jesus.

              Já tive 53 noites de Natal. Destas noites posso viajar por lembranças tristes, alegres e até indiferentes. Mas percebo de repente que desde que conheci o significado do Natal ele passou a me trazer uma sensação de desconforto. E este ano, tentando escrever sobre ele é que tomei consciência do quanto ele me incomoda. Percebi o quanto é frequente para mim nesta época do ano pedir que ela passe rapidamente. Que por inúmeras vezes comentei, com tom de brincadeira, mas cheio de verdade, que gostaria que já fosse 25 de janeiro. Acredito que isto seria um prato cheio para um analista.

              Mas o que me incomoda no Natal?

                     O Natal tem uma simbologia muito especial. Nesta noite lembramos o nascimento do ser mais puro que Deus nos permitiu conhecer. É o momento de reforçar a lembrança de suas palavras, de rever nossas atitudes sob o olhar de Cristo. E isto sim incomoda. Incomoda ter uma noite linda e assistir na televisão o número enorme de desabrigados pela chuva. Incomoda distribuir presentes para os familiares e saber que crianças estão sozinhas em instituições, esperando a visita de um Papai Noel que não virá. E nos incomoda muito mais sabermos disto e não termos feito nada.

              É claro que não podemos salvar o mundo na noite de Natal. Mas é nesta noite que os corações ficam mais sensíveis e com certeza milhares devem jurar para si mesmo que no Ano Novo irá contribuir de alguma forma para um mundo melhor. Só que a festa passa, a correria do dia a dia recomeça, e passamos novamente por todos os problemas sociais com um filtro ativado. Filtro este que nos protege do sofrimento, mas que nos deixa insensíveis.

              Acredito que no final das contas, o que me incomoda no Natal é que ele é apenas uma noite. O mundo perfeito seria feito de várias noites de Natal, onde todos se importariam, todos se mobilizariam, todos sorririam. Como fazer isto? Deixando Cristo nascer de verdade em nossos corações.

             Que todas as noites sejam de Natal.

                                                                                                                                                                       Dinaiá Lopes

 

 Natal