Estou presenciando o crescimento absurdo de ideologias radicais. Isto me assusta, pois nunca deu certo. O que me deixa mais preocupada é ver pessoas que sabem as atrocidades que foram feitas todas as vezes que o radicalismo se implantou, apoiando esses grupos.
O país precisa mudar muita coisa, disto todo o povo sabe porque sofre justamente por precisar destas mudanças. Mas que caminho é esse que desrespeita o próprio povo? Incendiar ônibus? Que eu saiba nenhum político desonesto anda de ônibus. Atacar o carro de alguém que teve a infelicidade de estacionar no lugar certo, mas na hora errada? Vi um carro popular ser queimado e que eu saiba o governador ou o prefeito não andam de carro popular.
Atacar o bem público é atacar o povo. Ou será que eles não sabem que público quer dizer “do povo”. Cabral nem se manifesta pelo que acontece. Ele não precisa se preocupar, pois os atos de violência já estão jogando a população contra o movimento. O povo que saiu às ruas na copa das Confederações se recolheu assustado com tudo que se seguiu. Então eu pergunto, quem ficou beneficiado com os Black blocs, o povo que voltou a se calar ou os políticos que agora posam de vítimas?
Todos do governo (em todas as esferas) estavam se borrando com a chegada do dia 7 de setembro pois sabiam a quantidade enorme de manifestações que estavam marcadas por todo o país. Começaram então a dar notícias de pseudo-mudanças, até mesmo como aquele programa ridículo de trazer médicos estrangeiros. Eles queriam era acalmar a população para evitar as manifestações marcadas para o dia 7. Porém, eles não tiveram motivos para se preocupar, os Black Blocs sozinhos conseguiram transformar o grande dia 7 em um apanhado de pequenas e vergonhosas manifestações.
A palavra revolução quer dizer mudanças e essas mudanças não podem vir através da violência. Isto nunca deu certo. A Revolução Francesa, mãe de todas as revoluções contemporâneas foi seguida por um período de terror que fez a própria população sentir saudade do tempo da opressão dos nobres. A mudança agora tem que ser diferente, tem que passar pela conscientização do povo. E quando falo em conscientização não digo radicalização. Vejo pessoas repetindo frases feitas contra o governo ou órgãos que julgam coniventes com o governo, mas essas pessoas nem imaginam de fato o que significa o que está dizendo. Chega de achar que para ter um país justo tem que se quebrar tudo e matar pessoas.
De tudo o que me deixou mais triste é ver o sindicato dos professores apoiarem os Black blocs, não entendi o que leva uma categoria responsável por ensinar os jovens a pensar e buscar soluções sem violência a apoiar grupo que prega e pratica a violência.
Agora, o pior mesmo é saber que enquanto ficam quebrando sinais de trânsito, queimando ônibus, pichando prédios públicos, destruindo lojas (fazendo muitas vezes pessoas perderem o emprego), enquanto toda essa confusão acontece, alguns políticos velhacos sobem cada vez mais um pouquinho nas pesquisas para as próximas eleições. Acredito que teríamos mais proveito se os Black blocs gastassem suas energias em manifestações pacíficas e elucidativas para a população contra os políticos canalhas que só estão aproveitando da situação para se fazerem de vítimas. Parece que no final das contas, os Black blocs foram a melhor coisa que poderia acontecer aos políticos brasileiros. A classe política agora não têm medo do povo sair às ruas.
Dinaiá Lopes