Era uma vez mais uma eleição ...
Era uma vez mais uma eleição ...

Patriotismo

 

          Me perdoem, mas sou filhote da ditadura. Cresci nos anos 60 e 70. Não consegui escapar do ufanismo do “Eu te amo meu Brasil, eu te amo!” Mas reconheço que a cada dia a política brasileira torna mais desafiante manter meus sentimentos patrióticos.

          Devo dizer a política, ou deveria dizer o povo?  Vários pensadores, grandes filósofos políticos desenvolveram teorias que explicam como  povo e política estão interligados, mas no nosso país isto parece não entrar na cabeça das pessoas. Há motivos para isto? Claro, poderia agora mesmo enumerar um montão ... Mas nada que não pudesse ser consertado por um povo que desenvolvesse uma consciência crítica do que é ser cidadão. Entender que se temos direitos, também temos deveres. Que a rasteira que passo no próximo, servirá de exemplo para que eu seja derrubado na esquina. Que o comportamento que eu cobro das autoridades, muitas vezes não correspondem com  atitudes que tenho no meu dia a dia.

          Como ser um cidadão de verdade? Muitos consideram que a solução de nossos problemas passa pela formação de um eleitor consciente. O voto, durante a eleição passa a ser a arma contra tudo de errado que acontece no nosso país. Mas o problema é: “Pra que lado devo apontar esta arma?”

          A cada eleição fico mais calada e mais descrente. A eleição que acabou , por exemplo, mostrou nas redes sociais agressões de todos os lados. Minha cabeça foi longe. Podia ver coisas que eu não concordava mas que eram ditas com coerência, mas na maioria das vezes era uma avalanche de coisas sem lógica e argumentação. E como sempre, onde não há argumento passa-se para a baixaria. Pensei em correr ao computador e escrever para ajudar a desenrolar minhas ideias enquanto embolava meus dedos, mas respirei fundo e pensei: “não vou comprar esta briga”. A cada crítica feita a um candidato seria atacada por seus defensores e rotulada como eleitora a ou b. (Mas confesso que fiquei tentada em deixar o pessoal zonzo tentando descobrir de que lado eu estava.)

          No final de toda campanha eleitoral, cheguei a conclusão de que não queria votar em ninguém. Sei que candidato é igual a namorado, se você exigir muito não escolhe nenhum, mas resolvi seguir a minha regrinha que sempre deu certo: “antes só do que mal acompanhada”. Temi que me sentiria mal em não escolher alguém, em não tomar uma posição, como diriam muitos. Mas a meu ver, fiz algo concreto, não dei meu voto a ninguém. Por que votar em quem não acredito só para dizer que cumpri meu dever? Pois bem, cumpri meu dever do meu jeito.

          Esta decisão não meu exclui do rol dos cidadãos brasileiros. Continuo pagando meus impostos, continuo cumprindo meus deveres e por isto tenho todo direito aos meus direitos. Mas devo dizer que sei que o lixo de nossa política só pode ser varrido por uma população que não seja analfabeta política (plagiando o querido Bertold Brecht)  . E já que estou roubando ideias, roubo uma agora de Martin Luter king Jr “Eu tenho um sonho”. Meu sonho é de um país que cresça sem perder a alegria; que aprenda a lidar com as diferenças e não troque o preconceito velado pelo ódio escancarado;  que mantenha as ruas e as câmaras municiais , estaduais e federais, limpas; com um povo que vá à escola e aprenda de verdade;  que ao passar mal não piore só de pensar o que terá que enfrentar num hospital público;mas acima de tudo, um país que um ouça e respeite o que outro diz, mesmo que não concorde. Dessa forma será tranquilo escrever um futuro melhor.

Dinaiá Lopes

05/11/14 

Sou brasileira

Pois é,

Sou brasileira

Da terra do café

Do país do Pelé

Mas será que é só ?

AH! Por favor,

Tenha dó!

Não podemos ser só isto.

O que esperamos para reagir,

A vinda de um novo Cristo?

Podemos ser mais

Olhar pros grandões como iguais.

E então?

O que falta afinal?

É difícil mudar a história?

Parece coisa de louco,

mas começo a achar ,

que o que temos é medo da vitória.

Sei que a causa é antiga,

Muitos até já sabem a razão.

Mas como fazer a mudança?

Como virar a situação?

País do futuro!

Sempre ouvi, desde criança

Como se o destino já fora traçado.

E como deixar de ser o futuro

Para ser um presente transformado?

Queremos ser livres,

Queremos ser ricos, saudáveis

Os melhores do mundo.

Mas para que isto aconteça,

Qual o nosso papel?

Acordar o gigante

Levantar esse véu

Acreditar que é possível

E fazer sua parte.

Devemos ser livres porque lutamos,

Ricos, porque trabalhamos,

O melhor do mundo

 porque ousamos .

Nada de cultivar heróis

Heróis somos todos nós

Já tivemos muitos,

 que ilustraram nossa história ,

mas heróis, somos nós agora.

Todos nós brasileiros,

que lutamos dia a dia

mesmo quando o corpo diz não.

Batalhamos nosso pão

Não jogamos o papel no chão

Até respeitamos as leis

que quem criou desconhece.

Políticos irresponsáveis

Que andam longe da verdade

Nos enganam, nos roubam

Nos driblam a vontade.

Exigir nossos direitos

É o que temos a fazer,

Mas sem nossos deveres esquecer.

Isto sim nos fará crescer.

Não somos os reis do futebol

Não somos o país da maracutaia

Somos o que queremos ser,

E eu não quero ser isto.

Eu quero ser mais.

Eu quero ver preso o tubarão

Quero assistir sua condenação

E principalmente vê-lo na prisão

Quero  acreditar na justiça

Uma justiça que não dependa de um juiz

Mas de um sistema que é correto desde a raiz

Quero ter orgulho da escola pública

Ver bem formada a minha criança

Quero ver meu governante

Se internar confiante

No mesmo hospital

que se internou seu serviçal

quero que meu governante

me inspire confiança

que trabalhe para,

 mas nunca contra a nação.

Será Utopia?

Por que seria?

Por que dá trabalho?

E quem disse que o bom vem fácil?

Temos um sistema falho,

Pra sair dessa armadilha

O principal é acreditar

Acreditar que sou mais forte que eles

Chega de sonhar

A palavra agora é realizar

Chega de discutir

Temos é que agir.

Nas mesas de bares

Discutimos nosso futuro

Temos é que criar coragem

Levantar da mesa

E começar a mudança

Não sermos mais o país da esperança

Mas a terra das realizações

Sermos respeitados por nossas convicções

E conquistarmos o que sempre foi nosso

Mas que vivia esquecido no cantinho do peito,

Vamos finalmente conquistar nosso respeito.

 Dinaiá Lopes

05/11/14